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O ESPÍRITO BEZERRA DE MENEZES

Não pensem os senhores, prezados leitores, que este despretensioso artigo irá abordar, de forma completa, a vida deste Espírito que Jesus nos deu como modelo de virtude, na prática da caridade.

Não importa se ele foi Zaqueu, Matias, Quinto Varro, Quinto Celso ou até mesmo Parmênio, como alguns pesquisadores da doutrina afirmam.  O importante é que ele esteve bem perto do povo brasileiro, no final do século 19, exemplificando o Evangelho de Jesus.

E foi numa cidadezinha bem pequena, denominada Riacho do Sangue, no interior do Ceará, que Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcante, no dia 29 de agosto de 1831, reencarna na Pátria do Cruzeiro. Hoje esta cidade se chama Jaguaretama e foi lá que o menino Adolfo iniciou os seus estudos no Liceu do Ceará.

De inteligência precoce, não foi difícil transferir-se, aos 20 anos, para o Rio de Janeiro, para cursar Medicina e tornar-se Médico homeopata.

Em 1856 doutora-se em medicina e torna-se membro efetivo da Academia Imperial de Medicina aos 26 anos de idade.

Em 1857 entra para o Corpo de Saúde do Exército e nesse período conhece Dona Maria Cândida Lacerda sua primeira esposa com quem se casa, mas ela vem a falecer seis anos depois, em 1863, deixando-lhe dois filhos.

Nesse período ele já estava se candidatando a vereador do Rio de Janeiro e aos 34 anos casa-se, em segundas núpcias, com a senhora Cândida Augusta de Lacerda Machado e deste laço matrimonial resultaram sete filhos.

Sempre combativo na luta pela liberdade dos escravos, utiliza-se do pseudônimo Frei Gil para atuar com mais liberdade pela causa, escrevendo em um periódico semanal denominado Sentinela da Liberdade. Sua posição em relação à escravidão no Brasil fica definitivamente clara ao assinar uma obra denominada A Escravidão no Brasil e as Medidas que Convém Tomar para Extingui-la sem Danos para a Nação.

Após quatro anos afastados da política retorna como Vereador e em 1873, com 42 anos, tornam-se presidente da Câmara Municipal da Corte, o que equivale hoje a Prefeito do Rio de Janeiro.

Mas a sua vida muda completamente quando aos 44 anos (em 1875) recebe do seu amigo Joaquim Carlos Travassos, a primeira edição do Livro dos Espíritos, traduzido por ele mesmo. Este livro foi ofertado por este seu velho amigo numa viagem de bonde, quando ele saía do centro da cidade, onde ele tinha o seu consultório, para sua casa no bairro da Tijuca. Passou a viagem toda folheando o livro, quando ele exclamava aquela famosa frase que se tornou clássica: “Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no ‘O Livro dos Espíritos”. 

Reparem bem, queridos leitores, ele recebe esse livro quando ele tinha 44 anos e só vai se declarar espírita onze anos depois.  A sua conversão ao espiritismo se dá em 16 de agosto de 1886.  Onze anos foram necessários que Bezerra pronunciasse o seu discurso de conversão ao espiritismo, no próprio prédio-sede da FEB, na Avenida Passos.

Estava preparado para levantar a bandeira do Espiritismo. Com o codinome de MAX começa a escrever vários artigos espíritas em jornais como: Jornal do Brasil, Gazeta de Notícias e no jornal O Pais.

Em 1889, aos 58 anos, assume, pela primeira vez, a presidência da Casa de Ismael e ali, através da famosa carta-psicográfica intitulada Instruções de Allan Kardec aos Espíritas do Brasil, pelo médium Frederico Pereira da Silva ele implanta a Escola de Médiuns e a Caridade Fraterna.

O Espiritismo tem um divisor de águas. O Espiritismo antes de Bezerra de Menezes era um Espiritismo positivista, elitista, acadêmico, filosófico, mas após os dois mandatos de Bezerra de Menezes o Espiritismo se torna aquele que conhecemos hoje nas nossas casas espíritas, ou seja, com o compromisso do trabalho social, da divulgação do Evangelho, mas, principalmente, com a prática da caridade para com aqueles que, inadvertidamente, chamamos de assistidos da nossa casa espírita.

Lutou contra as perseguições aos espíritas quando a polícia local, na época, entendia que o Espiritismo era pernicioso para a sociedade e o novo Código Civil de 1890 imputava limites às associações de pessoas e às reuniões espíritas. Com isso, muitos irmãos espíritas foram presos pela polícia do final do século XIX e soltos a pedido de Bezerra de Menezes.

É neste clima tenso que ele assume a presidência da FEB pela segunda vez a pedido de Dias da Cruz, pois a FEB passava por períodos de turbulência muito grave.

Mas hoje, quando nós visitamos a FEB, em Brasília, ou quando compramos o periódico O Reformador, podemos ler uma máxima: Deus, Cristo e Caridade. A palavra caridade só está lá devido ao esforço do nosso Kardec Brasileiro em levar o Evangelho de Jesus aos lares de todos os brasileiros.

Como assim? Simples meus irmãos e irmãs…

O Médico dos Pobres ou O 13º Apóstolo do Cristo, quando assumiu a segunda fase da presidência da FEB, de forma inspirada convida os espíritas brasileiros e todos aqueles que estavam na Casa de Ismael, a sede da nossa FEB, a irem de encontro aos desvalidos, saindo cada um da sua zona de conforto para subirem os morros e as favelas do antigo RJ.

Bezerra de Menezes deixou a sua marca indelével na Pátria do Cruzeiro, seja como Espírita convicto, médico, redator e escritor (seja no campo político, social ou científico).

Retorna a pátria espiritual em 11 de abril de 1900 quando iria completar 69 anos.

Por ocasião de sua morte, assim se pronunciou Leon Denis, um dos maiores discípulos de Kardec: “Quando tais homens deixam de existir, enluta-se não somente o Brasil, mas os espíritas de todo o mundo”.

Somente um espírito de altíssima hierarquia espiritual poderia receber nas comemorações dos seus 50 anos de retorno a pátria espiritual (1950), uma honraria, como esta, presenciada por Divaldo Pereira Franco, em desdobramento, que tentaremos reproduzir aqui:

“Cerca de cinco mil pessoas, no mínimo, lotavam o anfiteatro. Havia também muitos encarnados, em desdobramento, como o próprio Divaldo. Viu que o Dr. Bezerra entrou cercado de amigos. Dando início à homenagem, Léon Denis falou em nome dos espíritas da Europa e de outros continentes. Após, Manuel Vianna de Carvalho assumiu a tribuna, em nome dos espíritas do Brasil. A seguir falou Eurípedes Barsanulfo, nome dos que estudam o Evangelho.

Uma luz magnífica surgiu das alturas. Corporificou-se, então, um sublime Espírito. Era CELINA, MENSAGEIRA DE MARIA SANTÍSSIMA, conhecida pelas amoráveis comunicações que transmitia através do médium Frederico Júnior. E Celina falou:

-Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti. Pelos teus serviços foi-te concedido que poderás encarnar em qualquer planeta de nossa galáxia próxima a Terra.

Dr. Bezerra, sem poder conter, naturalmente, a emoção, também falou:

-Eu não mereço… Eu não mereço.. Se algum crédito eu tenho, suplico a Maria Santíssima continuar nas terras verde-amarelas do Brasil. Desejaria ali ficar enquanto houver uma pessoa chorando, um gemido dos meus irmãos brasileiros..

O celeste ser ouviu a petição e esvaneceu-se. Passaram poucos segundo. Um melodioso coro entoava divino cântico e uma alvinitente mão escreveu no ar:

-“Teu pedido foi deferido. Ficarás mais cinquenta anos nas terras do Brasil.”

            Hoje estamos em 2018 e humildemente acho que Bezerra ludibriou, mais uma vez, a nossa Irmã Celina e a nossa querida Maria Santíssima.

Bendito seja a Terra de Ismael, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, que tem um Espírito desta estirpe a nos proteger.

Obrigado Bezerra de Menezes!

 

Fonte: O texto foi baseado nas obras bibliográficas de Bezerra de Menezes e nos anais da FEB.

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